Une chanson française

14.3.15
Noite dentro, manda o céu para o caralho.
Estivera a tarde inteira a pintar os dentes com vinho americano, uma poça do sangue de Cristo, diria o padre, se fosse o padre a dividir o garrafão pelo copo. Mandara então o céu para o caralho, enchera a boca com o inferno. Era o seu jeito de ganhar coragem. E ganhava? Não. Não ganhava. A seguir cambaleava, caía, adormecia na valeta. Só nos sonhos chegava à porta da rapariga do décimo andar, Celeste. Chegava, entrava, entrava, saía e saía. No sonhos.

No dia seguinte tinha o cu lavado pela chuva. Levantava a ressaca do chão, comia o pão da padaria Molete. O padeiro contava a história do General Moulet, a ordem para fazer pães mais pequenos para melhor distribuir o pão pelo exército, no Porto, durante as invasões francesas. Depois ia dormir. Acordava, bebia e começava a mandar o céu para o caralho outra vez.

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